sábado, 6 de dezembro de 2008

O Domingo Inexistente

O dia não existe. Ele já esgotou toda a sua solidão. Oh! Como eu queria lhe dizer umas poucas palavras. No desespero, sim, até aquele bom dia dissimulado é preciso. Pois precisamos nos sentir amados de alguma forma. Sim! Como faz falta a formalidade quando não nos resta mais rastro de sinceridade. Onde está a sempre senhora vizinha? Ou até o vira-lata vadio da esquina?

O dia era frio. E a cidade estava úmida pois chovera tanto de madrugada. Afastaram-se todos os vira-latas e os pivetes foram atrás de um abrigo. Nem pivete tinha. Ele estava desesperado queria gritar aos céus por um abraço, mas naquele dia, ninguém estava. Como não? A padaria está aberta. Foi comprar pão. Pediu dez pães e só o “Sim senhor” já lhe bastava o dez pães que pagou. Ah como agora é doce o gosto da formalidade.

Chegara em casa: ninguém. Abriu o armário e arrumou os ternos já arrumados. Limpou o banheiro já limpo. Sentou-se no sofá desistido. Olhou aos lados, fixou-se no teto. Tudo culpa de um dia nublado que sempre afasta as pessoas e as trazem para si. O teto era branco que nem as paredes. Que desconsolo. A luz entrava pelo vidro da janela e reluzia nas paredes brancas. Era uma espécie de brilho-sem-brilho. As paredes pareciam um espelho. O dia, aquele, era dele olhar para si. Mas tão difícil virar os olhos! O mundo é feio só que nossa natureza é intrincada até para nos mesmos. Não se sabe como acontecemos até hoje.

Ligou a televisão. Mudava de canal, o mesmo cânone: filme e programa de auditório. Filme e programa de auditório. Assim, como uma respiração. Ficava de pouco em pouco mais irritado: queria música! Ora, toquemos então! Lá foi o Duke Ellington no som. Que passava pela casa inteira como diplomata. Por cada cômodo, por cada vazio ali habitante. Ele olhou em volta. “Mas que música é essa!”. Brahms então. Cartola depois. Carmem Miranda. The Beatles. Edith Piaf. The Rolling Stones. Charles Parker. Maurice Ravel. New Order. Desligou o som. Foi à cozinha e pegou uma lata de cerveja. Bebeu-a rapidamente. Parecia estar enlouquecendo enquanto a casa mantinha-se muda. Nem um passarinho. Nem o barulho de papel voando (a janela estava fechada). Abriu-a imediatamente. Nem um vento entrou.

O dia realmente não existia. Voltou ao sofá, olhou ao teto olhou a si. A casa ainda muda nem a porta batia. Nem um sinal de vida. Não havia pulsação naquela maldita casa. Que dia era aquele?! Mortos não fogem do cemitério! Gritava dentro de si enquanto olhava o teto. E perguntou-se. “Que diabo de dia é este tão vazio?!” Levantou-se de súbito e bateu a porta. Foi à cozinha e tacou o copo no chão. “Barulho! Barulho!”. Sentia-se sozinho ao ponto de enlouquecer. “Você, minha ex-mulher tão bonita antes. Mas que morra na gordura!” Tacou o porta-retrato no chão. “Ó meu pai. Tão prudente. Tão correto. Mas que morra na impotência sexual!” Mais um porta-retrato que se quebrava. “Mãe... o que dizer de ti?” Mais um. Olhara em volta fixamente procurando mais um alvo. “As paredes... as paredes... elas continuam brancas...” Na mesma hora em que as rabiscou freneticamente de caneta. E quando esta pareceu falhar: “janela afora, vagabunda!”

Abriu a porta e saiu correndo. Aquele dia tinha que existir. Sim. Era domingo e domingo é um dia que inerentemente te mata. Aquele dia tinha de existir! Porque o silêncio e as nuvens? Porque tudo estava tão escondido e inexistente? Saiu berrando pelo corredor do prédio. “Barulho! Barulho! Onde estão vocês?!”. Tocou todas as campainhas. Correu pelo corredor gritando: “Barulho! Ação! Barulho!”. O porteiro imediatamente assustado não temeu em abrir a porta e libertar o louco. Pela rua, de cara apareceu o primeiro vira-lata do dia. “Isso! Vira-lata! Au! Au! Au!” Saiu atrás do cachorro que sem demora fugiu dele. “Barulho! Barulho!” Era só o que se ouvia num domingo que não existiu. E o que existia naquele dia estava intocável. Os carros de vidro preto fechado. As pessoas lotadas de casacos e cachecóis. O mundo impenetrável para quem nevralgicamente necessitava de uma palavra dita. De um consolo. “Barulho! Barulho!” As pessoas olhavam assustadas e se afastavam daquele louco que morria de carência.

Coitado. Cansara-se muito cedo da insensibilidade do mundo. E do ritmo frígido da vida. “Barulho! Barulho!” As pessoas encasacadas sobreviviam pois já aceitavam este sofrimento oculto de nossa realidade. Precisamos crucialmente - isto é questão de vida - inventar o nosso porto seguro. (As pessoas de casacos sobreviviam pois já criaram para si o porto seguro delas - a insensibilidade). Porém mesmo seguramente atracados ainda somos profundamente carentes. “Barulho! Barulho!” No entanto, somos insensíveis diante da vida. Pois a vida é deveras tocante e não há como nascer preparado para ela. “Barulho! Barulho!” Não foi o dia nublado, te juro. Não foram as paredes brancas, te juro. “Barulho! Barulho!” O que o dinheiro não compra é o que é mais difícil de se comprar. Poderia comprar um carro, mas e o banco vazio ao lado dele? “Barulho! Barulho”

E naquele domingo inexistente ele corria pelas ruas. “Barulho! Barulho!” E na força de fazer aquele dia existir. Correu revoltado pela cidade e foi pego de surpresa. “Barulho! Barulho!” Oh como a vida é inigualável em sua atrocidade justificada. O ruim da vida é que ela sempre tem motivos. E o barulho finalmente aconteceu. O ônibus buzinou fortemente logo após escuta-se bruscamente o freio rangendo na pista assustando as pessoas por debaixo dos casacos. Assustando as nuvens no céu. Finalmente o domingo aconteceu. Barulho, barulho. Na última nota, ouve-se avassalador pelo estéreo espaço o simples barulho dos ossos quebrando. Sim. Ele – inevitavelmente – fez o domingo acontecer. O transito parou e logo não demorou para que todos fizessem um círculo em volta dali. O motorista passou a mão na cabeça – estava em choque – não sabia o que fazer. Barulho, barulho...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Perdão.

Permita-me, Deus.
Que eu lhe peça perdão.
Por uns pecados que cometi:
Deixei de amar,
Deixei de sorrir,
Deixei de errar.
Eu permito-lhe então, Deus.
Que me peças perdão.
Pois não sabes da dor que me fizeste.
Quando criou a desilusão.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Última Melodia

A janela está aberta porque eu não sei fechá-la. É nesta mesma cama onde a noite me banha de solidão e desconsolo. Quero desconsolar-me desta vez. Deixa-me cantar as melodias vãs dos marinheiros que se perdiam no vasto eco do ar para enfim cair no mar e afogar de vez. Deixe que eu afogue minhas melodias, meus cânticos de sereia já morta. A solidão me consola hoje e eu não a trocaria por um sussurrado eu te amo. Não trocaria esta noite dissonante e atonal pelo compassado som de um amor qualquer. Esta noite é como pérola negra. Ouça-me pela última vez a canção que te faço agora. Ouça este som que vai morrendo aos poucos e sem um pranto. Esta nobre melodia de quem já partiu. Ouça-me, pois esta será a última vez. E na cama olho apenas o teto – que nada me diz. A lua não está cheia, livrei-me de todo o romantismo. Ela está minguante e me deixa às escuras como eu quero para esta noite. Estão jogados ao chão uns poucos versos em vagas estrofes: ouça a melodia que te fiz. Um soneto precário, errôneo, e de métrica qualquer: exatamente como você. Errando nos versos canto-me a mim para então cantar-te a ti. Mais do que qualquer canto, dou-lhe os versos jogados pelo chão:

Será que no tempo tem tempo bastante,
Para caber a eternidade?
Será que na vida inteira,
Há tempos de felicidade?

Será que no nosso longo canto de saudade,
Haverá canção que caiba um sorriso.
Será que no nosso eterno sonho de liberdade,
Haverá espaço para um amor contido.

Será que em meio a sonhos desiludidos.
Esquecemos de nos realizar?
Esquecemos o simples viver?
Mas que eu me perca dentre os lençóis.
Pois no silêncio vou me emudecer.
Deixe-me morrer serenamente, para serenamente renascer.

domingo, 26 de outubro de 2008

V de Vingança.

Não quero te escrever mais. Quero poupar-me. Mas: não poupar-me de te escrever. Só vou dar nova forma às palavras. Irei reinventar-me para então te escrever e reinventar-te. Mostrar que meu colo é quente e deixar de pedir teus beijos. Deixarei de te pedir que me responda e escrever-me-ei todo nu à sua frente: para ver se tu te entregas a minha luxúria.

Parei de lhe mandar flores, caso percebeste. É porque agora enviar-me-ei a ti como carne crua, pois quero ver se me dominas como dizes. Quero provar da tua capacidade que tu tanto dizes. Não quero mais somente: vou. Jogar-me a teu corpo como um suicida e deixar-me levar. Não te surpreendas com minha sinceridade, é que estou impossível. Esta será minha última carta; da próxima vez eu estarei defronte a ti olhando-te como o leão impossível olha a caça antes de caçá-la: vou caçar-te.

E chegarei. Não importa o tempo. Só o inesperado te espera. Eu serei tua surpresa aguardada como um presente de Natal que você já adivinhava, porém espera ansiosamente. Com uma única diferença: eu sou um presente útil.

Não me espere. Eu já estou selvagem e primitivo o suficiente. Dar-lhe-ei estes mesmos sentimentos mais humanos do que a roupa que te oprime. Deixa-me libertar-te. Preciso te amar mais do que a intensidade do tempo. Preciso amar-te como nunca farei. Antes de arrombar a tua porta, tornar-me-ei impossível, impassível. Estarei com meu melhor perfume, mas o que eu realmente guardo-lhe só eu sei: é segredo meu.

Mas não me espere. Ainda não escolhi a roupa que usarei. Acabaram-se as minhas promessas românticas banhadas ao pôr-do-sol. Deixe o sol para depois, quero provar-te em plena escuridão: quero conhecer-te em tuas quentes intimidades. Faz um verão escaldante e eu não consigo mais me suportar. Preciso de tua frigidez. Afogar-me-ei dentro de tuas infinitas possibilidades, mas o que eu realmente farei é segredo meu.

Mostrar-lhe-ei minha cultura, a educação que minha mãe me deu. Mas o que eu farei continua sendo segredo meu. As minhas entranhas ficam entre eu e mim. Mais ninguém. Lembra-te quando me levara de súbito para as ondas da praia? Então, mostrar-lhe-ei o refluxo da vida. Vai não me espere. Não me aguarde. Não me anseie. O melhor eu guardo para mim: finalmente vou te mostrar como as ondas voltam para o mar. Mas o que eu farei é segredo meu.

sábado, 18 de outubro de 2008

Nudez.

Interesso-me pela vida, pois neste momento estou vivo. Quando morrer, entrarei pleno na imensidão de morrer sem felicidade nem tristeza. Então eis que o sol amanhece, percebo que estou vivo quando os finos raios e secos entram pela janela, mas isso não é sinal de felicidade. Lavo a cara mais-que-pálida de viver, viver é tão imenso que me mata. Antes de dormir rezo a prece de acender um cigarro vermelho e digerir e defecar tudo que me aconteceu, jogar no ostracismo os rastros dos dias quentes que me fazem ensandecer.

É o sol lá fora que esquenta o dia, pois viver é frio e sempre inverno. Nevaria sempre se não fosse o sol para contar-me mentiras e falar que a vida é boa. Olho para ele, ele me cega. A visão das sombras me é mais refrescante. Traz-me paz maior. Faço ode a um copo de vodka gelada em pleno calor, faço ode ao morrer no sofá de tédio e entregar-me ao nada como corpo inanimado. Faço ode à vida caminhando para a morte. E minha ode é solitária e encantadora. O encanto maior é das coisas subversivas o que é muito belo é muito podre. A beleza do sol faz-me querer ser feio. Gosto do que me é dito inapropriado e imperfeito. Não procuro a solução da minha dor na felicidade, pois a solução da minha dor é a própria dor.

Por isso eu brilho tanto quanto o sol que resplandece, apesar de viver em meio às lágrimas e garrafas vazias inúteis pelo chão. Meu brilho é um grito mudo de tédio à vida. É uma revolta silenciosa contra o sentido áureo das coisas. Sempre reconheci a vida nos becos escuros e proibidos. O que é incorreto é belo, pois seu brilho é opaco e escondido. Já as coisas que brilham com evidência, perdem a graça por ser o brilho muito fácil. Por isso não gosto do sol: seu brilho é muito fácil. Gosto mais do prazer do brilho menor que é a lua, mas é mistério e solidão. Solidão fascinante.

E não decoro minhas paredes com rosas, elas não têm cheiro e nem beleza. Prefiro a nudez crua das coisas. Antes o corpo nu, antes as palavras e os carinhos nus, antes a parede nua, antes de tudo quero a nudez das coisas. Quero ouvir o verdadeiro o canto da vida: - Sou lasciva e barata. Gosto das sombras porque elas me afogam com sua nudez. E elas não são feitas de tristeza, é um descanso, como se me dissessem: - Prove em mim um pouco da tua morte.

Interesso-me pela vida, mas ela não se desnuda. Desde que nasci tenho que agüentar os verbetes da moral e da ética. Do bom-senso e da divisão. Da promessa e da verdade. Da obediência e da educação. Mas a beleza é o corpo nu.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Vontade.

Viver é pouco. O coração é limitado. Quero mais. Quero algo que caiba toda a intensidade de um abraço e de um adeus.

domingo, 28 de setembro de 2008

Uma Carta à Desilusão.

Não se preocupe comigo. Digo, pois é sincero: Não se preocupe comigo. Há aqueles que nascem inteiros de si, só precisam se reencontrar. Como a mãe que procura no retrato o filho que já morreu. Como o homem procura o consolo da vida na lembrança de um bom sorriso. Como a gente procura o nosso amor na imensidão vaga de uma saudade. Não se importe de mim. Minhas armadilhas já estão prontas: um dia hei de pisar nelas. Não se importe com minhas feridas. O sangue que suja o corpo é o mesmo que lava o chão. Afinal, não há dor que não se cure. O tempo ensinou-me a dar tempo para mim mesmo.

Não me escreva mais. Se quiser, esqueça meu endereço. Nunca existi. Não te nego; nego a mim o meu passado. Aquele mesmo fogo que nos consumiu no começo, acaba por transformar-nos em cinzas no final. Estou desgastado. Debilitado, não de você, mas de mim. Eu tenho a cura e a cólera guardadas juntas. Sou o assunto que mais desconheço e que mais sou íntimo. Não lhe culpo por tua ignorância, só lhe peço a partir daqui uma leve distância.

A mesma que separa-nos do abismo. A mesma que separa a flor do chão. Quero de ti a tênue lembrança de certos momentos; de quando o parque era um lugar bom. Quero de ti a serena lembrança do café pronto na madrugada; eu sou alérgico a cafeína e nunca te disse. Bom que já inventaram os remédios. Quero apenas de ti; a imagem inocente que um cego deve ter do mundo. Dê-me apenas a permissão de te transformar em minhas ideologias, permita-me desenhar-te agora como um príncipe e esquecer que coaxava.

Escrevo-lhe esta nostalgia; para ver se te arrependes dos teus sorrisos sem-hora. De tuas carícias sem-amor, de tuas palavras vazias. Gostaria de pôr algo em ti que fizesse sorrir o mundo. Mas parece que você só se preocupa com a sua boca. Não se preocupe comigo. Você não conseguiria.

Atenciosamente apenas.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Adeus.

Quimeras de que a lua trouxesse.
O som vago de nossos anseios.

Quisera que o mar ecoasse.
O eterno de nossos desejos.

Que estivesse escrito na terra.
Por onde devemos andar.
Que nos dissesse o brilho estelar.
Qual o caminho do céu.

Se jardins eu pudera plantar.
Ou miragens lhe escrever.
De sussurros lhe enlouquecer.
E poder te enamorar.


Mas,
Que me venha o sol da manhã.
Que me venha o canto das ondas.
E a visão do horizonte.
Quem sabe quem estará além-mar.

Que me entorpeça o fulgor das sereias,
Serenamente irei me afogar.

Não mais me interessa o brilho das estrelas,
Muito menos a doçura do teu olhar.

Que me entorpeça a loucura dos bêbados,
Embriagado, irei me levar:

Por toda a solidão que a vida passa.
Por onde a vida passar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Teus Lírios

I.
Teus lírios são belos,
Teus lírios;
São versos,
Têm o gosto da primeira poesia,
Têm a poesia do primeiro amor,
Têm o amor das poesias;
Desiludidas.

Teus lírios são heresias,
Liberdades, devaneios,
Teus lírios têm o gosto,
Dos pecados juvenis.

Teus lírios são delírios,
Vertiginosos descaminhos,
Teus lírios são vadios,
- De todos, os mais sinceros.

II.

Teus lírios são belos,
De um encanto que mata.
Tens a beleza de quem já morreu.
Ninguém mais toca.

São lírios de ver voar,
De ver passar serenamente,
De arrancá-lo pelo talo,
São lírios só de querer.

Teus lírios morrem sem mais.
Sozinhos e jaz.
Cobrem a terra órfã de suas pétalas.
Por fim, morrerem em paz.

III.

Teus lírios – escondidos -,
Voam com o vento,
Que assopro para ti.

Teus lírios – tão calados –,
Brincam com os pássaros,
Que trouxe para ti.

Teus lírios – desiludidos -
Atrozes, ferozes, mordaz.

Teus lírios são belos,
De uma dor que não cessa,
Jamais.
* A alguém

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Monólogo Monogâmico, Surrealista.

Pensa, retrai, contrai. Lá vem dor de cabeça.

- Acho que o litoral não me faz bem.

Ora, irei para a Rússia, morrerei niilista, tomando vodka. Eis o fiz de um poeta.

- Esconder-me-ei num porão de Paris, talvez.

Qual o problema do sol, poeta?

- Muita luz.

Qual problema da praia?

- Muito bela.

Acho que vou para Inglaterra, virar Virginia Woolf. Princesa Diana que é sonhar demais. É tão triste ser poeta, acho que me jogarei no rio Tâmisa. Talvez me jogarei no mar Negro.

Só me poupe das paisagens caribenhas, não me despertam filosofia alguma, senão qualquer opinião sobre mulher bela. Não gosto de mulheres.

Poupe-me de qualquer paisagem frutífera, quero descobrir o que há nos becos. Mostrar a todos o monstro que há em cada um.

O que há de belo agora, poeta?

- Tudo aquilo que não temos.

O que há de poema agora, poeta?

- Nossos sonhos.

Julga a realidade cruel?

- Qual realidade que nunca foi?

O amor?

- Não nos permitimos amar.

O ódio?

- “Destruímos aquilo que mais amamos” (Oscar Wilde)

A amizade?

- Somos hipócritas.

Hipocrisia?

- O que nós é verdadeiro.

A verdade?

- Cada um com sua versão.

A vida?

- Linha reta que une dois pontos: Sorrir e chorar.

A morte?

- Morreremos como nascemos: Aconteceu.

O pessimismo?

- Acordar de um sonho.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Commedia dell'Arte.

Há tantos assuntos pertinentes, que já foram pensados. Não me permito, agora, falar-lhes sobre o amor. Nem sobre o ego, nem sobre dor. Darei atenção às células que gritam meu nome, às engrenagens cheias de graxa que pedem atenção. Na verdade, não pedem. Menti. Minha cabeça que lateja por dar atenção, inquietante.

É admirável ver à volta, tão gás carbônico. Um souvenir século XX. Quem aqui vê os pássaros cantados pelos poetas românticos? Ou as catedrais pintadas pelos poetas barrocos? Quem aqui vê a paisagem impressionista de Monet? Ou, simplesmente, a simplicidade dos versos de Drummond? Ou a intensidade poética das estrofes de Pessoa? Quem aqui vê as palmeiras onde canta o sabiá?

Quem vê o cimento, vê além. Quem precisa ver uma pena para tirar a poesia de um pássaro? Quem precisa ver amantes para tirar a poesia do amor? O cimento nos diz tudo. Posso estar fazendo papel de bobo, de direitista. Vocês me entenderão.

A realidade não é mais um poema de Gonçalves Dias. A realidade não é mais tão lírica quanto à métrica de Olavo Bilac. A realidade não é mais tão serena quanto à morte de Ismália. Hoje, a lei é sobrepor-se. Não importe quantos serão os pisoteados, sobreponha-se.
Posso parecer repetitivo, Machado de Assis disse parecido. Vocês me entenderão.

Quem vê uma máquina, que agora diga: Ave Máquina! César já morreu.

É a corrente elétrica, potência, chip, nanotecnologia. Quem diz que a tecnologia não diz o que o homem é; tão mente, que se sentisse a mentira que disse, cuspiria no chão. É isso: A máquina diz como nós somos. A sociedade criou a máquina, ora agora, ela que nos cria.

Faço-lhes uma confissão indecente, meus caros: Virei máquina. É a publicidade que diz o que eu devo comprar; a televisão que opina por mim. O jornal diz a versão dos fatos, na qual devo acreditar. A máquina colhe o trigo, que a máquina o leva para a padaria, que a máquina faz o pão.

A máquina ilumina meu quarto, a máquina que me locomove, a máquina que me faz andar depressa, a máquina mede as horas. As horas medem minha vida. A máquina colhe, produz, carrega, fabrica, processa, fermenta, vende, industrializa, sintetiza, tornamos-nos escravos de nossa própria criação. Santa ironia! Queres viver a luz de velas, tecnológico? Meu ar é gás carbônico, meu sangue é gasolina, fedo a cigarro, minha pele é de aço inoxidável; a maquina me satiriza.

Onde está o espaço para o ser; ser? Cadê minha liberdade, meu senso crítico?!

Virei
Máquina,
Máquina,
Máquina,
Máquina,
Máquina...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ser, Sentir.

Sinto: E isso, às vezes, parece que mata. Vejo, ouço, falo. Mas, nada rói mais que sentir. Parece que é condição inerente e anterior a qualquer coisa. Antes, sinto. Depois, penso, formulo, falo, ajo. Há quem diga que a felicidade é o mais nobre do sentimento. Mas, sempre que estou feliz. Sinto que a felicidade será passageira. E sentir rói. Não sei se é instinto, mediunidade, amor, se é algo só ou uma mistura de vários nomes. Sentir, às vezes, é algo que não sei o nome. E se não sinto nada, sinto-me vago, vazio. E já é sentir alguma coisa. Estar vazio, estar cheio, estar de saco cheio. Antes de ser, já senti.
E sentir, faz-me sentir vivo. Ao amar alguém, principalmente, ser amado. O ser necessita a cada dia dizer a si mesmo, os motivos de estar vivo. Necessita se afirmar como ser, fincar seus pés de ser no chão, e sentir-se amado, também é dizer a si mesmo: Estou vivo. Nós precisamos ter o que cantar.
Afirmar-se é sentir, ao beijar uma mulher e encaixar-se no padrão, o ser se sente acolhido pelo grupo. Portanto, não se sente só. Uma estúpida forma de achar alguém.
Mas, sempre estamos. Tolo é o que diz que vive sozinho. Encaixar-se, modelar-se, sejam lá mil formas que houver, precisamos achar alguém e sentir-nos vivo.
Precisamos nos publicar, nos vender, mostrar nossa auréola e nosso tridente. Enfim, ninguém se realiza, se edifica sozinho. E o ato de ser está subjugado ao ato de ter alguém.
Você que está lendo, ajude: Ame a mim, ame a alguém. Perder tempo ao lado de uma pessoa, nunca é perder tempo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Poética

Gosto muito da literatura. Bela senhora que fez os românticos. É que nem mãe. Acolhe os desolados, os decepcionados, os reprimidos, os deprimidos e os desiludidos. Senhora, esta que moveste milhões de Drummond à Camões. Veio no senhor Lirismo, sua enorme poética. Fizeste Shakespeare delirar. Antes de suicidar, Florbela achou refúgio em ti. És amiga de todas as horas, por tua tanta esperança. Não deixarei de confiar em ti.
Mas, minha cara. Como dizia, o outrora revolucionário Sr.Manoel Bandeira “Não quero mais saber do lirismo que não seja libertação”. Não que Shakespeare seja tolo, e nem que Camões seja chato. Somos todos amigos. Mas não quero mais idealismos. Não quero vida idealizada. Quero quebra de padrão. Poética libertária! Quero um romance homossexual com final feliz! Uma crônica travesti! Um conto de amor racial! Um pobre sorrindo na capa do jornal! Que suma do dicionário os verbetes: comum e normal! Tire suas vestes de Maria Antonieta e ponha a calça Jeans! Pegue na enxada, bata cartão! Quero ver poesia operária, poesia de ruptura! Quero ver-te nos becos, nas árvores derrubadas, nos animais em cativeiros! Tire suas vestes de Maria Capital e solte o estopim!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Contra a Corrente.

Muitos dizem que a culpa da homofobia reside nos afeminados. Bem, eu vou contra a corrente. Odiar-me-ia se, porventura, eu tentasse me esconder através de anabolizantes, academia, músculos. Não nasci para viver sob vestes furadas. Nem para tampar o sol com peneira. E muito me incomoda, quando dizem que a culpa da homofobia está nos afeminados.
É muito mais vergonhoso, esconder-se nos músculos másculos, na pose de macho, só para entrar na comunidade moral. Ao falar que nem mulher, se por um lado reforço um estereótipo, dou meu grito de liberdade: GAYS EXISTEM! Vestes sujas não me vestem, eu quero ser de verdade! E se for preciso desfilar para lutar contra a invisibilidade: DESFILO LINDA! O que não se pode é viver atrás das sombras, culpando-se por ser homossexual.
É essa a minha revolução diária. Nado contra a corrente, com orgulho. Porque ao menos digo para todos que diferenças existem. E que anormal é a homofobia, e não o homossexual.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Os Renegados

- O que pensam as pessoas que passam por ali?!
O lugar era nojento, ninguém o merecia. As poucas pessoas que se atreviam a desvendar aquele pedaço de calçada, andavam nas pontas dos pés. Faziam caretas diversas, todas demonstrando aquele mesmo nojo inerente. Aquele lugar tornara-se intocável, parecia lugar de lendas como o monstro do lago ness ou o bicho papão. Atravessava-se a rua, os poucos que por ali passavam, andavam infelizes, para dentro.


Do outro lado da rua, a visão era pior. Era gente preta que se amontoava nos cantos, era gente que de tão suja, camuflava-se nas sombras. A calçada tão preta quanto à noite, a gente que ali amontoada parecia gente morta, delas escorriam algo que parecia mijo. Mas, não se podia ter certeza. Vivia ali, naquele pedaço mórbido de calçada, os renegados. De vestes sujas, e de posição imóvel. Pareciam estátuas do apocalipse. Tirava o sorriso de quem passava por ali.

Via-se então, uns olhos claros. Era um clarão em meio à escuridão, nessa hora os transeuntes olhavam espantados. Eram olhos belos, que do outro lado da rua, via-se a luz que dos olhos claros reluzia. Levantava-se então, uma mulher suja, com cabelos longos sujos, andava curvada suja, era um espantalho dali. Dava tristeza de observar, a mulher aos poucos surgia, ia assumindo postura ereta. E quando olhou a mim, não sei se cai. Que olhos eram aqueles que nunca se vira antes! Só me recordo, de vê-la atravessar a rua, e me pedir qualquer centavo.

Dei-lhe a moeda que primeiro vi, sorriu então seus dentes podres. A mulher continuou andando, renegada, a atravessar a calçada mórbida, a ser vítima dos olhares assustados, a roer-se dentro da desesperança. A mulher, quando andava, olhava as árvores, olhava o chão, e quando nos olhava, pedia esmola, que muitas vezes era lhe negada. Talvez, as árvores fossem melhores. Talvez, o chão fosse mais bonito de se olhar.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pôr-do-sol

Quem me nega que os mortos,
Que na eternidade de sua ausência,
Não choram por lhe faltarem,
O romântico pôr-do-sol.

Quem me nega que os sozinhos,
Que na falta do seus amantes,
Não se consolam com a visão,
Do pôr-do-sol amigo.

Quem me nega que os trabalhadores,
Que no cansaço do trabalho,
Quando na hora de ir para casa,
Se descansam no pôr-do-sol.

Quem me nega que os amantes,
Que se acham no carinho,
Perdem toda a noção da hora,
Quando estão ao pôr-do-sol.

Quem me nega que os frígidos,
Buscam todo o sentimentalismo,
Na ternura do pôr-do-sol.

Quem me nega que os fortes,
Que no topo de seus pedestais,
Ficam pequenos diante do pôr-do-sol.

Quem me nega que os fracos,
Que na tristeza dos acontecimentos,
Se acontecem no pôr-do-sol.

Quem me nega que os carentes,
Que na incerteza de um abraço,
Abraçam o pôr-do-sol.



segunda-feira, 16 de junho de 2008

Como Uma Leve Brisa

Se me perco nos caminhos da vida.
Me acho no nascer do sol.
Se me perco nas ondas do mar.
Me acho em qualquer anzol.


Se me encontro nesta poesia.
Me perco dentre as entrelinhas.
Se me encontro num sorriso sincero.
Me perco no frio do inverno.


Se me encontro nas nuvens do céu.
Me levo a lugares mil.
Se me acho numa folha de papel.
Me desenho um rabisco infantil.


Se me vejo a amar por aí.
Me direi que não há solidão.
Se me vejo a rolar pelo chão.
Me direi que há vida aqui:


Dentro do meu coração.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Soneto da Consolação

Meu amigo, diga,
Porque tanto se esvaíra,
Nesta valsa de amar.


Pois é tão belo o canto,
E tão triste o teu pranto,
Que também me faz chorar.


Se por debaixo destas lágrimas,
Se por detrás de tuas mágoas,
Houver uma gota de ternura,
Que tu venhas a me alegrar.


Não te faças solidão,
Pois o sol há de nascer, onde triste estarás,
Se o fim não nos poupará,
Meu amigo, venha cá, pr’eu num beijo te abraçar.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Entendimento

A passagem. Vultos intermitentes. Sons furiosos. Ritmo valente. Tempo compassado. Métrica veloz. Tudo, hoje em dia, tem seu conceito, sua definição. Mas cada vez que o relógio marca meia-noite, entender o mundo torna-se tarefa cada vez mais intuitiva, sensorial. O entendimento da alma, do espírito. A grave observação, a apuração dos sentidos. Conhecer-se a si, e perceber os mecanismos. O mundo hoje é complexo como nunca fora. São pessoas sobre pessoas. Ler os códigos, hoje, é dar forma à intuição. Ou àquela sensação pendurada na mente, quase caindo em esquecimento.
Há tantos livros explicando a vida, mas na hora que se vive. Vês que a vida não é um livro e nem dois. Quando se faz política, os interesses pessoais e narcisistas de cada político é chave essencial. Até na hora de fazer justiça, a condição financeira é pertinente. Um ornamento ganha brilho especial. Atenção em cada aspecto. A vida se revela tanto no mendigo que morre em vão quanto na modelo da passarela.
Insensibilidade. Máscara da aparência. Acentuaram-se as diferenças. Erga sua bandeira. Cante seu próprio hino. Individualismo. Faz parte das pessoas de hoje definir tudo. TUDO. O que é certo, o que é errado. Quem ajuda os outros... espera aí. Filantropia para ter a aparência de bonzinho. Ser o amigo dos oprimidos. Conceitua-se até os afetos. Ter a família tradicional. Família tradicional? Risos. Nada parece escapar da voraz ganância. Como dizia Françoise Sagan: “O que falta à nossa época é a gratuidade, fazer algo por nada’’.
Sem talvez nada, sair por aí. Largar a fome do julgamento e da definição. Largar os paradigmas. Ver a folha cair no chão e não pensar no outono. Ver a flor brotando no chão, e ver que ela não é diferente de você. Ver outra flor morta no chão, e porventura ver que o ciclo é o mesmo. Ver o homem pisando na grama, e ver a realidade. Os que pisam e os que são pisados. A vida se revela até no assobio do vento. Ouvir a sua intuição. Entrar em contato. Tudo isso faz parte de um entendimento. De uma sabedoria. De uma consciência.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Chega do usual, é hora de recriar.

Quero originalidade no amor, paixão de verdade. Nada de serenatas ao luar, contar estrelas no céu, jantar à vela, viagem cara. Eu quero um amor que me complete! Alguém que seja fiel a mim, o resto a gente faz. Chega do romantismo usual. Quero que me ame que nem um filme de Tarantino! Com ação, paixão e veracidade. Quero sair dos limites, explodir fronteiras. E que me ame de verdade! Não aceito um ‘eu te amo’ para a eternidade, se no dia seguinte me deixará só. Se disser que me ama, que esteja comigo com toda a intensidade. Quero calor, contato e sinceridade. Entre nós dois não haverá segredo. Podemos sim ver o pôr-do-sol colados, mas que à noite, me tire da realidade! Se quiser alguém, à vontade, a porta está aberta. Mas, só com uma condição: Tenha criatividade!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Que o verdadeiro amor nos tire da lama

Em meio a tanta intolerância, e perda. Só enxergo um porquê:
As pessoas desaprendem a amar, por temer o amor.

Não é qualquer um que consegue pôr rédeas no amor. Às vezes sinto que meu amor é outra pessoa, sendo eu uma coexistência de duas coisas: O amor e a razão. A razão é fácil de se controlar, comparada ao amor. Mas, já o amor, não sei se me reserva a caixa de pandora ou um anel de diamantes. E assim, fica-se rendido às suas peripécias.

Começo a acreditar, que o amor é um brincalhão, uma criança vestida de adulto, um cachorro vestido de leão, e não o contrário. Só que muitas pessoas assim como julgam o livro pela capa, julgam o amor pela sua vestimenta. E quem não temeria um leão? Daí vem o medo. Banaliza-se o amor, pela incerteza que o amor traz. Eu não acredito como o tornaram em algo tão banal. Em algo que segue fórmulas, que possui iconografias, tornaram-no em um intragável clichê. E assim, o amor perdeu sua magia nas pessoas. Perdeu seu brilho de criança nas pessoas. Só serão felizes no amor, os corajosos. Os que aceitarem tanto as lágrimas quanto os beijos. Pois o amor não se limita às rosas vermelhas, nem às velas acesas. O amor é maior. Por isso há tanta gente que se queixa, fizeram pro amor um manual de instruções. Só que o amor não tem limites. Ama-se e deixa-se amar livre.

Chega, estou cansado desta baboseira! Ao amor que me der rosas vermelhas. Taco-as no chão!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ode à Intolerância

Porque se é tão difícil encarar a realidade? Será a realidade tão má? Ou serão as pessoas tão frágeis? Mas, como, se a sociedade é obras das pessoas. Como abaixar a cabeça diante de algo que fazemos parte?! Digam-me, as diferenças entre heterossexuais e homossexuais tão relevantes assim? Porque não encarar e dizer: - Sim, esse sou eu, e terão de me aceitar! Porque será tão difícil de se impor? Porque que as diferenças são mais levadas em conta do que as semelhanças? Se sou gay, se sou travesti, de que importa? Se no final, o fim é o mesmo. Se todos nasceram de uma mãe, se todos possuem sentimentos e todos são capazes de amar. Porque tanto preconceito?! Quero saber. Pois assim como todos, amo e necessito ser amado. Como, bebo, cago e peido. Choro, rio, sorrio, busco a felicidade e a felicidade de meus amados. Porque tanto preconceito?! Porque a ignorância, se o conhecimento é tão maravilhoso? E ainda mais nos dias de hoje, onde o conhecimento é tão mais acessível! Eu quero saber. Não entendo a razão de tanta intolerância e indiferença. Decerto que a vida não é coisa simples. Decerto, que todos precisam de amor.


Não peço a compaixão dos alienados, não peço o choro do sentimentais. Eu peço compreensão. E, dos oprimidos conformados, eu peço consciência. Se o preconceito é tão ruim, pior ele é quando você o aceita. Se tem algo que me dói, é ver um oprimido de cabeça baixa. Almejando uma vida comum. Querendo ser igual a todos. Rendendo às garras da sociedade.


Eu vou ao contrário: Não preciso seguir consensos! Não preciso ser igual!


É tão bela a vida quando se aprende com as diferenças, quando se confronta pontos de vista diferentes, é assim que se aprende. Ao menos eu.

sábado, 17 de maio de 2008

Nuvens

São nuvens,
Espessas, extensas,
Nubladas, translúcidas,
Escuras, misteriosas,
- Aveludadas.

São cinzas jogadas,
No céu, ao vento,
São cinzas,
De todas minhas mágoas,
São choros, são lágrimas,
São dores, clamores de ajuda,
- Vulcanizadas.

É a tristeza que assola,
É o chorume de outrora,
É o luto, o silêncio,
É o grito não gritado,
É o discurso não dito,
São palavras,
- Pesadas.

São dores desconsoladas despreocupadas
Desapressadas dores afogadas
Desconsolado pensamento reflexivo
Nuvens reflexivas
- Afogadas.