quinta-feira, 24 de julho de 2008

Poética

Gosto muito da literatura. Bela senhora que fez os românticos. É que nem mãe. Acolhe os desolados, os decepcionados, os reprimidos, os deprimidos e os desiludidos. Senhora, esta que moveste milhões de Drummond à Camões. Veio no senhor Lirismo, sua enorme poética. Fizeste Shakespeare delirar. Antes de suicidar, Florbela achou refúgio em ti. És amiga de todas as horas, por tua tanta esperança. Não deixarei de confiar em ti.
Mas, minha cara. Como dizia, o outrora revolucionário Sr.Manoel Bandeira “Não quero mais saber do lirismo que não seja libertação”. Não que Shakespeare seja tolo, e nem que Camões seja chato. Somos todos amigos. Mas não quero mais idealismos. Não quero vida idealizada. Quero quebra de padrão. Poética libertária! Quero um romance homossexual com final feliz! Uma crônica travesti! Um conto de amor racial! Um pobre sorrindo na capa do jornal! Que suma do dicionário os verbetes: comum e normal! Tire suas vestes de Maria Antonieta e ponha a calça Jeans! Pegue na enxada, bata cartão! Quero ver poesia operária, poesia de ruptura! Quero ver-te nos becos, nas árvores derrubadas, nos animais em cativeiros! Tire suas vestes de Maria Capital e solte o estopim!

3 comentários:

Gil Rodrigues disse...

Por uma poética-realidade, um terrorismo literário. Um belo que se faz do, antes, sujo. Um limpo e límpido, reluzente conto de revéz ao dito comum. \o/

Lucas Cassol Gonçalves disse...

Muito bom...

(palmas)

Priscila Paixão disse...

Adorei!

"Não que Shakespeare seja tolo, e nem que Camões seja chato. Somos todos amigos. Mas não quero mais idealismos."

Eu tava pensando nisso esses dias. Gostei muito mesmo. ^^