segunda-feira, 2 de junho de 2008

Entendimento

A passagem. Vultos intermitentes. Sons furiosos. Ritmo valente. Tempo compassado. Métrica veloz. Tudo, hoje em dia, tem seu conceito, sua definição. Mas cada vez que o relógio marca meia-noite, entender o mundo torna-se tarefa cada vez mais intuitiva, sensorial. O entendimento da alma, do espírito. A grave observação, a apuração dos sentidos. Conhecer-se a si, e perceber os mecanismos. O mundo hoje é complexo como nunca fora. São pessoas sobre pessoas. Ler os códigos, hoje, é dar forma à intuição. Ou àquela sensação pendurada na mente, quase caindo em esquecimento.
Há tantos livros explicando a vida, mas na hora que se vive. Vês que a vida não é um livro e nem dois. Quando se faz política, os interesses pessoais e narcisistas de cada político é chave essencial. Até na hora de fazer justiça, a condição financeira é pertinente. Um ornamento ganha brilho especial. Atenção em cada aspecto. A vida se revela tanto no mendigo que morre em vão quanto na modelo da passarela.
Insensibilidade. Máscara da aparência. Acentuaram-se as diferenças. Erga sua bandeira. Cante seu próprio hino. Individualismo. Faz parte das pessoas de hoje definir tudo. TUDO. O que é certo, o que é errado. Quem ajuda os outros... espera aí. Filantropia para ter a aparência de bonzinho. Ser o amigo dos oprimidos. Conceitua-se até os afetos. Ter a família tradicional. Família tradicional? Risos. Nada parece escapar da voraz ganância. Como dizia Françoise Sagan: “O que falta à nossa época é a gratuidade, fazer algo por nada’’.
Sem talvez nada, sair por aí. Largar a fome do julgamento e da definição. Largar os paradigmas. Ver a folha cair no chão e não pensar no outono. Ver a flor brotando no chão, e ver que ela não é diferente de você. Ver outra flor morta no chão, e porventura ver que o ciclo é o mesmo. Ver o homem pisando na grama, e ver a realidade. Os que pisam e os que são pisados. A vida se revela até no assobio do vento. Ouvir a sua intuição. Entrar em contato. Tudo isso faz parte de um entendimento. De uma sabedoria. De uma consciência.

3 comentários:

Gil Rodrigues disse...

O nome disso é consciência do próprio ser.
Tomar ciência que o homem não é somente científico, não é somente ego, não é somente astro, não é somete alma, não é somente poeta.
O homem, é um homem, que é somente uma virgula.
Ou um ponto final.

TE AMO!

Priscila Paixão disse...

Chicoo! Simplesmente amei esse texto.
Mostra até um amadurecimento como ser humano; temos que ter essa consciência de que fazemos parte do "tudo", dos ciclos da natureza, tanto de criação e de renovação. E parar de achar que somos os donos do mundo.
Vai fundo Francisco!!

Luara Quaresma disse...

Cara, voce escreve intenssamente bem *-*